terça-feira, 27 de maio de 2008

Meiassim

Ando meiassim seim sabê onde ficá, num sei se vorto pra casa num sei se me poin-o a vuá... num sei pra quê tanta istrada que leva a nin-um lugá num sei pra quê tanta gente pra gente num con-in-ecê nem pra quê tanta lágrima pra gente nunca chorá... Ando meiassim cun vontade de ficá bein quietin drento de mim que é pra eu num minspantá cuas coisa que vô vê naquele ôtro arraiá qui se chama de cidade e que leva a gente toda a tê baita vontade de vortá. Queruma vida quieta sem asfarto, treim ou moto, que num veja ôinbus nin-úm nem vião, nem o zocrópto... quero vê o sol nascendo por trás do jacarandá e de noitin-a siscondeno no fundo do lago, lááá onde pego meus peixin prum armoço de fartá... quero orvi o vento mexeno as fôia do coqueirá o chêro gostoso dos bicho lá drento do véi currá e aquele bolo-di-míi gostoso só de pensá cum um cafézin moído no arpendre do quintá... Ah como quero o balançá da rede cu-uns grilo a grigrilá, veno as maripôsa anunciando o chuvará e senti os braço gostoso da pessoa mais ispiciá vino divagar, meloso, abraçá, beijá, niná como se eu fosse criança pra do seu cólo quentin-o eu nunca me afastá!
- II -
Êta prédio disgracêra onde fui me arranchá, aqui só só un-as tranquêra, nem nome tein-o nesse lugá só me chamum de caipira olham pra mim de soslái mas quano viajum de féria e vêin pro meu rincão são ricibido bunito, cum riso, cumida e prazer purque cada um nessa terra só dá o que tem in ocê... Êta disgraça dusinferno aqui é tudo disgraça, gente cumeno gente numa ambição taman-i-a quinté parece os jacaré atacano garça cum fome, o egoísmo aqui reina e em tudo que é grande cidade só olham prus-seus-zumbigo e sisquecem que são gente neste mundo disgraçado.
- III -
Áh que saudade que eu tenho das noite no arraiá, das quermesse, das novena, das prosa, das carçada, dos riso sem cumpromisso das moça ino e vino, dos rapáiz só a zói-á e dos pai das moça de longe veno quem vai singraçá... da vida simples que um dia Bandeira achô de chamá de "vida besta", mas gostosa no meio dos laranja... a vida lenta e cherosa dos tempo que num vai vortá mas que nunca foissimbora purque de tudo o que há pra min-a mente cabôca
pudê se alembrá, é dessa vida simpres dos cumpade das amizade dos respeito e divisão que eu gosto de pensá. Ai que sardade taman-in-a será vô vivê pra um dia essa sardade matá? Ô essa sardade um dia me mata de tanto chorá!
- IV -
E a lua carinhosa, desceu um pouco esta noite e calma, risonha e marota deixou um anjo apear que veio devagarinho, à esteira de talício e deu-lhe um beijo na testa enquanto ele dormia... ele sonhou caprichoso que um dia voltaria pra casa e o anjo levou o velho pra visitar todas as terras e rever as pessoas só para lhe consolar... e a viola caiu do cólo, a baba caiu da boca, o corpo caiu na esteira devido tanta canseira. E quando talício acordou via-se de novo menino alegre, traquino e feliz, juntou seus panos de bunda e disse:
- V -
Não me confunda ó cidade, tá na hora d'eu vortá pro lugar em que deixei o meu coração, a terra natá, obrigado São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus, obrigado Belo-Horizonte, Fortaleza e Natal, Florianópolis, Porto-Alegre, Brasília, Aracaju e Recife, Macapá e Porto-Velho, Rio Branco e Boa Vista, Palmas e Cuiabá, estô grato a ti também Vitória e Salvador, Goiânia, Manaus, Curitiba, João Pessoa, Maceió, Campo Grande, Teresina e meu gostoso São Luis, por receber todo dia milhões de Talícios que vêem de todo lugar dividino o coração ao mêi, e cum essas viage tôda aprendi uma côsa que levo no peito guardado e pra todo mundo insino: viver é nosso distino, e se gostamos dum lugar mais que de ôtro é disatino purquê o certo é saber que somo cidadão du mundo somo cosmopolita e im tudo lugar que habita um ser humano, intão, é lugar pra si amá e a todos respeitá, purque nossa terrin-a tumém tá recebeno gente nexe exato momento que vem de longe.

7 comentários:

Vênus disse...

Oi,querido

Creio que vc se inspirou em mim,pois juro a vc: "Ando meiassim seim sabê onde ficá,
num sei se vorto pra casa
num sei se me poin-o a vuá"...


Acabo voltando para POA...de onde saí cheia de ilusões !!!
Beijocas

Mari disse...

Fala,Ruizão

Voltei à Blogosfera...com novo endereço..é só clicar no meu nome neste comentário que vai chegar lá...

Tanbém ando meiassim....por isso resolvi voltar...
Gostei do post..

abração

Rui Carlo disse...

Amigos, Deus e Exagerado, estamos num turbilhão tão grande, com tantas expectativas e faltas de perspectivas que é normal ficar meiassim... o Talício é um cara mei-vivido

Maggie disse...

Olá,Rui(Talício)

Vc está certo quando diz que "somo cidadão du mundo"...
Mas,ficar "bemquetim" dentro da gente mesmo ainda é o melhor lugar...
Gostei muito do poema do Talício que sabe das coisas...

Beijão

Mari disse...

oi,amigo
Este Talício é um indeciso,sabia?Precisa sentar lá no meu divã,para se decidir logo...rsrrssr
Sabe,adoro o dialeto dele..

abração

anderson.head disse...

nossa, estar meiassim é legal as vezes!! só não pode durar muito né!! senão a vida passa e já era!!

até.

Letícia Losekann Coelho disse...

Linda a poesia Rui...
gostei :)