sábado, 26 de janeiro de 2008

Talício descobre o sexo


Eu sempre fui meio artêro, mermo. Mas qual criança num é?
Lembro de uma vêis que eu e Romualdalva fômo rôbar umas goiaba e manga no quintá do Dotô Antropáutico.
Nóis fumo pelo cercado do seu Regaldino, passamo a cerca de arame farpado, pulamo o muro e subimo a manguêra, e dela passamo prum galho da goiabêra que já ficava no quintá do Antropáutico.
A gente tava lá quando vimo a Vên vindo lá da casa grande. Vên era a filha de dona Filicianilda, empregada morenona da casa do dotô. O seu vestido balançava e ela saracoteava como folha de coquêro no vento. Ela entrô no bananeral com uma faca, aí começô a cortar umas fôia de bananêra e foi colocano as fôia uma do lado da ôtra, umas em cima das ôtra, arrumano tudo direitin.
Aí nós viu o Antropáutico vino, andava apressado e olhava pra trás, até chegá no bananeral, entrô.
Nessa hora ele começô a bejar e abraçá a Vên, sua mão subiu pelas coxa da moca, por dentro do vestido... aí eu comecei a sentir umas côsa estrãi-a que eu num sabia o que era, chega meu calção ficou bem cheiin.
O Romualdalva era mais véi que eu, já era rapaz. Ele mudô de gái e foi prum gái de ôtra manguêra. Eu nun sabia o que ele tava fazeno, porque eu só tin-a oito anos, mas agora sei que ele tava se mastubano, porque tava de costa pra eu, mas mexia muito a mão e gemia esquisito.
Quando olhei pro Antropáutico e pra Vên estavam os dois nu, e ele se bolia em cima dela, os dois se mexiam muito e gemiam.
Aí virô costume, toda noite eu e Romualdalva ia lá pro quintá vê a sem-vergonhice deles. A gente agora ia mais pela safadeza que pelas fruta. Isso aconteceu por muitas vezes, até que foi rareano. A Vên tava esperano um neném.
- Como é que pode? Ela nem casô? – Naquele tempo eu num sabia das coisa, nocente que era, há hái!!!
Vên teve um menino, o Avêtropáutico. Ela botô esse nome porque o Antropáutico deu toda a sistênça que pudia: levô pra médico e tudo. Depois ela cumeçô a pegá dinhêro e mais dinhêro dele, tev um ôtro fíi do Fugênço dono da farmáça, ôtro do Robelero que é dono do armazém e a fíia do dotô Vaginildo, o médico da cidade. Assim com penção dos quatro fíis construiu quatro casa e vive bem com os alugué delas.
Uma noite o Romualdalva num foi, ele ia sai com a Ritoinha, uma moça que tinha chegado a pôco da Vila do Soberbos, mas eu fui só.
Tava lá no bananeiral o casal sem-vergonhento e eu lá na manguêra, quando deu um vento frí, eu espirrei.
Antropáutico vêi:
- Que cê ta fazendo aí moleque?
- Nada não, só aqui...
- Você ta espiando eu?
- É que eu vi voceis fazeno safadeza...
- Me respeite, moleque, que safadeza o quê.? – eles tavam vestido ainda -
- Era sim, eu já vi vocês fazeno isso ôtras vez! – detesto ser chamano de mintiroso!!
- E desde quando você vê isso?
- Desde a festa de Nossa Sin-ora das Mercê (que é em setembro, estávamos em fevereiro).
Desde esse dia, o Dotô Anropáutico me trata bem, me deu meu primêro trabái, que era cuidá da horta e do jardim.
A muié dele, Dona Rosagrinalda, era muito bunita e gostava muito de mim, gostava tanto que um dia eu tava tomano banho no banhêro que fica depois da cozinha, ela entrô lá e tomô banho mais eu, foi minha primêra muié e a gente ficô fazeno sem-vergonheza dos meus dez anos até quano casei. Depois de casado a gente só se agarrô uma vez, na véspera de eu íí pra capital, mas isso é ôtra história.
O dotô Antropáutico me deu mín-a primêra bicicleta e sempre me tratô muito bem, graças a eu tê visto o que ele quiria fazê escondido.
Tô falano nele puqê tô chateado com o Avêtropáutico, que agora é delegado de poliça e mandô fechá todos os bá e cabaré da cidade. Por que dixe que na cidade dele só pode tê uma puta, que é a mãe dele

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