segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Matando a Velha

- D. Abizaide, a senhora lembra que eu tive aqui há um ano atrás pedindo um remédio pra... (baixinho, olhando prum lado e pro outro)... matar a minha sogra? - Hum... lembro naum mia fía... me arrecorde, a véia tá véia e sisqueceu... - Eu vim aqui, porque foi assim: eu me casei, e como meu marido é filho único, fomos morar na casa da mãe dele, mas aí não deu certo, porque a velha implicava comigo... - Então fomos morar sozinhos, eu e ele. Como ela era velha e meu marido filho único, ela veio morar conosco... mas ela não gostava de mim, e vivia fazendo fuxico ao meu marido, implicando com minha comida e assim vai... - Aí, eu vim pedi pra senhora umas ervas pra matar a velha minha sogra, mas que não deixasse vestígio do veneno. A senhora preparou umas raízes pra mim e disse que eu colocasse na comida dela, de pouquinho em pouquinho, pra ela não sentir o gosto... - A senhora falou que eu a tratasse bem, porque o veneno só faz efeito se o coração dela estiver feliz, e ninguém nunca ía suspeitar de mim afinal eu ía ficar boa pra ela... - Fui pra casa sastisfeita, fiz um chá pra ela, e coloquei um pouco das raízes; levava café da manhã pra ela, almoço gostoso pra ela, lavava a roupa da velha, conversava com ela... - Fiquei sendo bem boazinha pra ela. Daqui a pouco, ela cumeçou a ser boa pra mim, me deu presente de aniversáro, fez ceia de Natal, a gente passou a fazer feira juntas, passear, e comecei a gostar dela, que começou a gostar de mim... - Hoje, nós somos amigas... gosto de D. Agda, minha sogra, como se fosse minha finada mãezinha, que Deus tenha lá no Céu... - E vim aqui pedis pra senhora me dar outras ervas que desfaçam o efeito dquele veneno, porque se Agda morrer, morro junto... - Hê hê... mia fía... num tem remédio pra disfazê aquele não... - Não!!! Ai meu Deus!!! - Óia, você quiria matá a véia purquê a véia num gostava de vucê, num era?! - Sim, era... - Pois é, a maior verdade do mundo é que, todo mundo gosta de quem lhe trata bem, você começou a tratar bem a véia sogra e hoje, hê hê, não tem purque querê matá ela...