quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

CURSO DE PUXA SACO !!!

As eleições / 2008 se aproximam, não perca a oportunidade de puxar o saco de seu político e garantir favores na próxima gestão
Se desejas te dares bem na próxima gestão, não perca essa oportunidade e aprenda como puxar o saco dessa gentalha que governa o país e o teu município:
  1. Sempre ria quando ele contar uma piada, mesmo sem graça;
  2. Quando aquele papudinho chegar perto com o bafo de onça que a cachaça lhe dá, abrace o pinguço, deixe ele babar tua camisa - proteja teu candidato;
  3. Quando os manifestantes jogarem pedras, tomates, lixo, cocô ou côcos no teu candidato, meta-te na frente para seres o alvo;
  4. Se alguma CPI apresentar o nome do teu político como acusado de qualquer coisa, diga que eras tu. Mesmo que o nome dele seja Astrogildo Divino do Espírito Santo e o teu nome Manoel da Silva, insista que entenderam errado o nome, e se houver testemunha ocular ele se confundiu, mesmo que teu político seja alto, gordo, chinês e tu baixo, magérrimo e índio... a testemunha se confundiu;
  5. Dizem que o melhor cabo eleitoral é o que o homem tem entre as pernas... se a mulher do candidato suspeitar que ele está usando deste artifício para conquistar eleitores e eleitoras, diga que a camisinha é tua, o filho é teu, o chifre é teu, e leve porrada do marido traído, por ele;
  6. Naquelas intermináveis caminhadas populistas porta-a-porta, leve teu candidato nos ombros, afinal ele tem que ser visto e não pode gastar as solas de seu belo sapato italiano comprado com o dinheiro da população;
  7. Receba as cusparadas por ele, e sorria sempre;
  8. Quando o adversário soltar impropérios contra ele, ofenda-te, descabela-te e morra de chorar;
  9. Se ele fizer as pazes com seu arqui-inimigo e maior adversário, com o fim de ganhar as eleições, digas aos puxa-sacos do ex-inimigo que ele sempre admirava o cara e em rodas de amigos íntimos dizia que não esperava a hora de se aliarem;
  10. Se ele romper com seu amigo de infância, trair a confiança do eleitorado, fizer tudo errado em relação às boas maneiras e bons costumes... indigne-te com eles e diga quanto são falsos esses lobos com pele de cordeiro que sempre sugam o dinheiro de teu candidato e que são uns ingratos;
  11. Se depois das eleições teu candidato não for eleito há duas opções: a) se ele não for mais candidatar-se no futuro, mate o cachorro dele e diga pro teu futuro alvo de puxassaquismo que ele nunca te pagou e que era um tremendo 'coxinha' (aqui no Ceará Coxinha é o cara falso que fala nas costas o avesso do que fala na frente); b) se ele ainda tiver pretensões políticas, mate o cachorro dele e diga a ele que foi o adversário, chore em sua presença Nilos de amargura pela derrota e não te esqueça de falar pra todo mundo como ele é justo, honesto e os adversários só ganharam porque compravam votos;
  12. Se depois das eleições teu candidato for eleito, não te preocupes ele continuará cuspindo na tua cabeça, te desprezando e te usando para os piores trabalhos (de lavador de fossa a aliciador de meretrizes), não considerará teu esforço, não te pagará um centavo pelo vitupério que te infringe... mas tu acharás o máximo ter quem te trate assim, afinal tu és um puxa saco de verdade, daqueles que não sabe o que é orgulho próprio nem auto-estima.

A ACROBATA SUICIDA


Amecides está muito triste hoje... nascera e vivera sempre sob as lonas no Majestoso Circo Platô. Em toda a sua vida de quinze anos estivera envolvida com malabares, trapézios e animais circenses, aquela era sua vida... cidade a cidade, o mesmo picadeiro, pipocas, músicas, estradas, caras novas... mas (sempre tem um mas) ano passado tivera sua primeira paixão: Artamírio, o novo domador de leões.

Artamírio, 28 anos, jovem, forte, lindos olhos verdes, bíceps e lábios irresistíveis, mais pela lábia que pela aparência...

Amecides ficou à mercê do domador, às escondidas, seu pai, o domador mais antigo, jamais sonhara com tal aproximação entre os dois.

Em quatro meses de namoro, Amecides entregara-se a Artamírio, que a transformou em mulher precocemente.

Ela já apresentara-se como palhacinha, malabarista em solo, mas hoje, sua festa de debutante seria a estréia como trapezista...

Seu corpo leve, sua flexibilidade e agudez de percepção estão a seu favor para o espetáculo da noite... só o que Amecides não contava era ver Artamírio no camarote da assistente do mágico... ela vira os dois no mais absurdo momento de intimidade, que nunca caberia um dos dois dizer "não é nada do que você está pensando", haja vista que por ver aquilo não precisava se pensar em nada.

Desnorteada, Amecides, a Deusa do Ar, iria estrear com grande dor em sua alma adolescente... como ele me troca por aquela, aquela, velha.

Ainda ecoam em sua mente os sussurros e gemidos que Artamírio dissera aos ouvidos da assistente de vinte e um anos de idade: "quem precisa de garota se tem uma mulher nas mãos..."

Trêmula, Amecides subiu os mastros sem saber o que fazer, sua alma angustiada lhe dizia que ela deveria saltar da vida naquela noite...

Os pensamentos suicidas estavam cada vez mais fortes em seu latente coração juvenil... o desejo de vingança...

Este ato faria com que Artamírio se sentisse culpado pela sua morte.

Este ato faria com que Artamírio se sentisse culpado pela sua morte?

Já fizera o bilhete suicida dizendo que não suportando a dor da traição, sua decisão estava tomada...

Degrau a degrau da escada, mais decidida estava a menina em saltar para a morte....

Grande estréia, casa cheia, manchete no jornal, entrevista na televisão...

Amanhã seria a notícia da cidade, talvez até do país.

No alto do mastro, aplausos, o balanço dos trapezistas mais experientes, o delírio da platéia pela grande estréia, o coração amargo, as luzes, as músicas, o estrelato, a televisão, a fama...

Divina, Amecides saltou, pegou o trapézio como ensaiara, fez piruetas, flaps, mortais duplos, mortais triplos, de frente, de costas... os aplausos...

Descera como astro que nasce, bri-lhan-te...

Subira como menina magoada, descera como mulher que sabe o que quer da vida: brilhar.