segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Talício conta o que Amargência ouviu

"Minha casinha é bem pequena, e nela tem um ponto de comécio - o comércio quebrou e fiz do ponto meu quarto, meu e de minha filha. Ontem aconteceu comigo o seguinte caso":
Ixo foi o que mim falô a Dona Amargência e eu num pudia ficá sem contá procês...
Ela tava no quarto. ex-ponto comercial, com sua filhinha que já durmia, quano ouviu exa cunversa:
- Bora, come esse negóço, aí...
- Tá bom, e me dá um pôco da pinga tumém!
...
- Tá gostoso exe tira-gosto?
- Tá ótimo!
...
- E aí, você vai me dá?
- Hum, rum...
- Que bom... olha. ali naquele muro só tem materiá de construção... a gente pula o muro...
- Certo, mas quanto você vai me pagá?
- Três real...
- Três real, mas é muito barato!!
- Mas é o que tein-o...
- Tu é doido!? Teus amigo tumém me queria, se eles sobé que te dei por exe preço eles vão tudo querê me pegá tumém!
...
- Tua mulé num dixe que ia te dá o Borsa-Inscola?
- Ela lá deu nada! Ela ficô cum tudo...
- Mas você mim dixe que ela ía te dá o Borsa-Inscola...
- Már num deu...
- Mas tá muito barato, posso te dá assim não...
- Olha, eu num comprei a pinga? num comprei o tira gosto? Agora só tein-o os três real...
- Mas tá pôco... se fosse pelo menos cinco... ele num vale só isso não... eu tein-o valô... eu num valho só três real!
- Não, min-a minina, você vale um milhão... UM MILHÃO!!! Se eu tivesse um milhão eu te dava, mas só tein-o três real... toma pega...
- Me dá... mas inda acho que é pôco...
- Vai, come mais do tira-gosto!
- Já tá fríi, tá todo gordurento...
- É tripa né, mulé... se você num tivesse ficado discutino e tivesse comido, eu já tava cumeno tumém!!
- Sei não... três real num dá pra nada!
- Pois tá bom... vamo fazê assim... tu me dá hoje por três real... amanhã eu vô junta o que eu pegá dos papelão que eu vendê e te dô quinze real!!!
- Quanto!?
- QUINZE... quinze real!
- Assim ta bom, você me dá os quinze real e te dô amanhã de novo...
- Óia, hoje é segunda, você me dá amanhã, na quarta e na quinta, tá bom?
- Tá... mas olha lá... me tráz os quinze real, mesmo, senão não te dô mais de jeito nin-um!
- Peraí, me dá o din-êro... ... ... ...
- Que que cê foi fazê homi?
- Cumprei dois real de cigarro, um pra tu e um pra eu!
- Ah, bom, afinal depois de uma tem que tê o cigarrin...
- Pois é, mulé, agora vamu...
- Vamu!!!
Ô negóço da mulésta!!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

NOVELA: capítulo 8

- Que coisa, esse telefone que não atende, meu Deus!!!
E Solépatra sai do apartamento, e vai pensando no que vai rolar entre ele e o casal de criados, safados, que tem em casa...
Pensa no que vai fazer com eles, imagina muita safadeza... e voa para casa...
Ao chegar em casa, vê aquela coluna de fumaça... desesperado, abre o portão e vê sua casa tomada pelo fogo... sem saber o que fazer Solépatra corre até próximo da casa e escuta algumas pequenas explosões e desabamentos vindos de dentro da casa... vira-se e vê o casal na piscina... embriagados, nus e muito contentes - rindo-se muito daquela situação trágica!!!
- EI, O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AÍ??? ãh!!! O QUE É ISSO!!!
- Nada, patrãozinho, disse a cozinheira assanhadinha - só estamos fazendo com você o que você passou a vida fazendo com a gente - e solta uma ruidosa gargalhada...
- É isso mesmo, meu patrãozinho, só estamos nos antecipando... antes que o senhor f... com a gente a gente já te fu... - há há há há há há...
- Isso é um... um... despropósito!!!
- Des... o quê, patrão? - zomba a nua da piscina!!
- Vistam-se e saiam dessa piscina, agora!!!
- Por que patrão? O que você fará com a gente...
- Vai nos despedir? - há há há há há...
Calmamente, Solépatra vai até à margem da piscina, senta-se numa espreguiçadeira que está sob um grande guarda-sol:
- Vocês são muito pequenos mesmo... acham que isso abala minha riqueza? que isso abala minha fortuna? Não, não abala mesmo... vocês já ouviram falar em seguros-contra-incêncio? seguros-contra-roubos? seguros-contra-atentados?
- Minha pequena casa, avaliada em 3 milhões de reais está completamente coberta pelo seguro... receberei pela insanidade de vocês dinheiro suficiente para construir outra maior e mais bonita... e quanto a vocês...
- Bem, quanto a vocês... cadeia - CADEIA, sim...
A bela cozinheira sai da piscina, vestida como Eva no Paraíso:
- Sim, seu bandido, mas sua família saberá de tudo, de seus roubos, de seus casos amorosos, de sua pilantragem...
- Agora, que você saiu da piscina, faça o favor a você mesma, vista-se... e...
BAAAAAAMMMM, BAAAAAAAMMMMM dois tiros certeiros estouram a cabeça da nua empregada...
Despercebidamente, o jardineiro saíra da piscina enquanto o casal discutia, pegou a arma do porta luvas de Solépatra e alvejou a jovem que cai morta na piscina... ele anda mais dois passos e dá um tiro em sua própria perna, na tíbia... arremessa a arma aos pés de Solépatra e corre manquejando, deixando um rastro de sangue nas calçadas...
Neste momento chegam a polícia e o corpo de bombeiros, acionados pela vizinhança...
Ao verem uma jovem morta, tingindo de vermelho a água da piscina, um rapaz correndo e caindo com a perna ferida, um homem atônito com uma pistola aos seus pés, a polícia se arma e manda que Solépatra coloque as mãos na cabeça...
Algemado, Solépatra é conduzido à viatura policial, enquanto alguns para-médicos do corpo de bombeiros cuidam do jovem ferido na perna.
Ao chegar em casa, os filhos de Solépatra presenciam esta cena dantesca, de muita gente no jardim, esguinchos de água sobre a casa tomada pelo fogo, pai preso, o casal de empregados baleados e nada entendem...
Ao passar pelos filhos, Solépatra diz:
- Meus filhos, quando os bombeiros apagarem o fogo, tranquem os portões e vão para casa de seu tio Ariosvaldo... daqui a uma hora eu chegarei lá...
Os filhos se olham atônitos:
- Você não dizia que queria mudar de vida?! Que sua vida era chata e precisava de uma sacudida?! Pois bem, agora ela vai mudar radicalmente...
- Ô, se vai... mas por quê papai falou que vai ao tio daqui a uma hora?
ME AJUDEM A DEFINIR ISSO, É SÓ VOTAR NA CAIXA AO LADO

O que tens?

O que será que existe por baixo dessa pele nívea? será uma alma tão branca quanto a cor da pele anuncia? será sonhos tão claros como a neve denuncia? ou será uma alma mais escura que as intermináveis profundezas abissais? Quem habita abaixo desses negros fios de cabelo? um anjo em forma humana que não perturba mas que acompanha? uma criatura perfeita que de tão bela, não pensa ruindades ou maldades quaisquer? ou um demônio em forma de mulher, que só maquina coisas graves, que deseja o mal da humanidade, que pensa com egoísmo tudo o que faz? Quem habita essa mente? O que será que eu encontro debaixo desse peito humano? um coração saltitante, alegre, sorridente e falante? ou será que há somente, um coração duro e amargo, cheio de dores e fracassos? O que acredito exista é uma mulher nem alegre, nem triste, me vive e que não assiste de camarote sua própria vida. Virtudes e falhas a compõem e sua vida desmente seu nome, e honra sua existência.
O que tem certamente na mente, no corpo e no coração teus nada mais é que tu mesma, inegavelmente perfeita mesmo que com imperfeições, pois perfeita não é a pessoa sem falhas mas a pessoa que se conhece em si.