domingo, 11 de maio de 2008

O réu

Num país em que o poder judiciário era o Poder, um rapaz foi preso por matar um outro por motivo torpe: bebedeira.
No julgamento triplamente qualificado (por motivo torpe, sem condição de defesa da vítima, com crueldade) todas as provas eram contra o jovem assassino, que confessou o assassinato.
Contudo, naquela monarquia, havia uma pergunta que o juíz deveria proferir antes da execução capital de qualquer réu.
Uma vez confirmado o crime e sentenciado à morte, o juiz fala à numerosa platéia que assistia ao tribunal:
- Este jovem assassinou brutalmente a um jovem no bar, por motivo torpe, sua embriaguez; ferindo pelas costas e sem condição de defesa da vítima; após o assassinato, o jovem disse a todos que aquele nunca mais mexeria com mulher casada novamente. Desta forma, o sentencio ao enforcamento. Contudo, como manda a lei, pergunto: Há alguém que deseje assumir a culpa pelo crime no lgar do réu, e ser sentenciado por ele?
Silêncio geral na plenária do júri, até que uma voz feminina se escuta:
- Eu, eu aceito a pena pelo jovem!
Todos se viram para aquela mulher de 40 anos, e o juiz lhe pergunta se ela tem consciência do que está dizendo, ela afirma positivamente o desejo de pagar a pena por ele, e o juiz lhe pergunta por qual motivo ela aceita morrer pelo jovem:
- Quando, há vinte e um anos atrás eu conheci o pai deste garoto e me entreguei a ele, eu engravidei. Todos os dias, durante a gestação, eu sentia seu corpo se formando. Eu sabia que o meu sangue é que correria nas veias daquele feto, e depois do menino. Eu sabia que ele não seria formado pelo que eu comesse, mas, sim, por minhas próprias células. Eu sabia que o que compunha meu corpo é que iria compor o corpo dele, meus ossos cederiam cálcio e ferro para seus ossos, meu sangue cederia as hemácias e os leucócitos para o sangue dele, meu fígado, coração, pulmão, tecido adiposo, permitirism que células migrassem ao meu útero para formar aquela criaturinha e fazê-lo saudável. Eu sabia e sentia ele se formando em meu interior com substâncias que originadas em mim e que era assim que eu cumpunha e o formava no silêncio de meu corpo, no escuro de meu ventre, diariamente, a cada segundo. É por isso que estou disposta a assumir seus erros, não poque julgue que o criei mal, ou que eu tenha culpa por seus erros, mas porque o amo.
- É belo este seu ato, senhora, mas a senhora está realmente disposta a morrer por ele?
- Quando, há vinte anos, sujeitei-me à sala de parto, para o parir, lá eu fui como que à morte... as dores lancinantes que senti no romper de minha bacia, na abertura de meu corpo para seu nascimento, eu sentia dores de morte... eu me entreguei à morte na quele dia que o entreguei à vida - sim, como mãe, morremos na hora do nascimento porque sabemos que desde aquele dia em diante nossa vida é de nossos filhos...
- A senhora tem mita coragem... mas temos que exercer a justiça.
- Não é coragem meritíssimo, é amor. Não peço justiça a ele, peço misericórdia para ele e justiça para mim, porque não é justo para comigo deixar-me vivendo o resto de minha vida sem a presença deste a quem dei minha vida, há vinte anos.
(Este post foi feito a pedido - Jo e Clau me pediram um post para as boas mães... espero que gostem, não só elas, mas todos)

Safira desconfia da história bíblica

No tribunal de Jerusalém levaram um caso para o Rei Salomão julgar, o caso envolvida duas senhoras Alizafe e Beteami:
- Majestade, eu e Beteami demos luz aos nossos filhos ontem, e ficamos no mesmo quarto de recuperação... contudo, de noite, quando dormíamos, esta senhora deitou-se sobre seu filho e o sufocou à noite, aí, hoje de madrugada, ao perceber que seu filho estava morto, o trouxe à minha cama e trocou seu filho morto pelo meu... portanto senhor, esta criança viva é meu filho!
- Não Majestade, Alizafe mente. Ela deve ter dormido sobre a criança à noite e o matado, agora quer meu filho para si...
- Tragam-me a criança, disse Salomão.
Ele pegou uma espada e a criança, aí disse:
- Como não temos como saber de quem é esta criança, pois o teste de DNA ainda não foi inventado, então eu partirei a criança ao meio e darei uma metade para cada uma e acaba-se a dicussão.
Beteami disse, "isso senhor, faça isso que a justiça será feita".
Alizafe começou a chorar e disse:
- Não meu senhor, não mate esta criança, que é meu filho... eu prefiro que o senhor o dê para ela, para que eu não o veja morto.
Segundo a narrativa bíblica, Salomão deu a criança a Alizafe, porque compreendeu que a mãe prefere ver a criança com outra mãe que tê-lo morto.

SALOMÃO ACREDITOU NAS LÁGRIMAS DA MULHER!!!


Suponhamos que Alizafe dissimulara o choro para convencer ao Rei que era inocente, como muitas pessoas fazem. Mas se ela tinha o sono tão profundo que não sentira alguém tirar seu filho de seu colo, não poderia ter tido o sono tão profundo que não percebesse esmagar seu filho com o próprio corpo?
Será que Beteami não estava tão furiosa com a acusação e a grande possibilidade do rei acreditar na mãe-assassina? Será que ela não sabia como Salomão era misericordioso e por isso tinha certeza que ele não sacrificaria a criança, por isso o desafiou? Será que ela, simplesmente, não "jogou" com o rei, como ele estava jogando com elas?

Moral da história: não se tem certeza de um fato levando-se em consideração principalmente as manifestações emotivas das pessoas. É muito fácil mentir, chorar, rir e falar o que se quer.