quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Encontrando

Como quem canta uma canção
te procuro suavemente em minha mente
menina-mulher-minha...
não minha porque te possuas
mas porque te me dás,
minha porque sou teu
e nos somos casal
e nos somos um
porque o amor
como cola, une
como droga, enebria
como o vento, assanha
como ele próprio, completa.

Distante de ti,
em minha mente estou perto
e te beijo
e te abraço
e te sou eu,
cheio de defeitos,
completo de falhas,
que amo e demonstro esse amar
de uma forma
inquestionavelmente sincera...
mas não estás, e estás,
e procuro a menina
que se esconde atrás do muro
que ergueu enre nós
para proteger-se de si mesma
porque o amar-sem-medida pode levar à dor
ao desconhecido
e te acho no meu peito.

Safira é poetisa



Mesmo que a espada rasgue a carne nua e crua
e que todas as gotas de sangue se espalhem na rua
e meu coração não pule, não pulse, não bata,
e minha dor me seja latente, forte, inata
não deixarei de cantar minha vida
porque desta arquibancada dividida
em que vejo o jogo da lida
não quero cadeira cativa,
não quero camarote ou guarita,
neste jogo desleal, surreal, desigual
eu quero jogar, driblar, ser driblada,
bater, apanhar, perder, ganhar...

Mesmo que tua lâmina afiada
dilacere minha alma e minhas esperanças
vou pro salão, rodo em danças
que nunca dancei
e sob os holofotes, subo a escada
vôo entre as torres
ao encontro de mim mesma
ao encontro de ti
um ti que não é ninguém, é todo mundo, é qualquer um,
e neste voar alucinado
na lancinante dor
de sentir-te enfiado em mim
como lança
derramo meu sangue no ar
mas não perco a esperança de amar
um amor tão forte e presente
que me arrebate das dores
e que me enebrie
em toda a minha sórdida alegria

Menina Escondida



Onde está você minha menina
que de tão frágil toda se esquiva
dos problemas, das dores, do escuro?

Onde está você, que se esconde atrás do muro
para que o dia mau não te encontre,
passe por ti e não te toque?

Onde está minha menina
que sumiu no interior de uma mulher
que procurando ver-se forte
faz-de-conta que não pode
sofrer?

Só surge para nós essa mulher
tão erotizada
tão dona-de-si
tão poetiza encantada
escondida n'alma dilacerada
que nem sabe mais compor
a poesia de sua vida!

A vida corre e escoa
como gotas de tempo pela ampulheta sem areia
enterrando sonhos
soterrando cada vez mais a menina
que se sabe existir
no fundo do coração dorido
e que procura emergir
deste mar de lágrimas retidas
que não caem porque a mulher não deixa.

Menina, menina, menina...
aflora logo da mulher
surge para que possamos ver
que nos dias de extremas dores
e angústia
só quer chorar
para que eu possa lhe dar meu colo
meus lábios
meu peito
meu corpo
meu sexo
e lhe consolar da vida
dando-lhe nova vida.

Vem minha menina
pr'eu abrigar você
em meu coração
e deixar você se derreter
em canções
e em melodias perenes que encantarão os ares
com teus sons infindos.