domingo, 25 de maio de 2008

Talício e o amigo suicídio

Tein vez que a gente num pode fazê as coisa que quer porque num pode fazê. Eu sempre sôbe que num se pode tomá leite com manga, nem toma bain-o assim que acorda, nem cumê fejão de noite, ô tumá bain-o asdispôis de tumá café, todas essa coisa pode matá. Aí me disserum que num erassim, que isso era história furada e mito. Eu tin-a um amigo que se chamava Elderôncio, ele era mei fraco de juízo e vivia se paxonando. Paxonô por sua fessôra de religião, pela namorada do irmão dele e até pelas mulé que via na televisão. Mas nada comparado ao que sentia por Ritalurde. Ele sincontro cum ela, se paxonô e cumeço a namorá. Bejim-bejim, agarra-agarra, alisamento e pimba... cama! O homi só falava nela. A gente ía pescá, e ele falano nela; se a gente viajava, ah meu Deus, só falava nela, inté nos carteado, no trabái, im tudo que é canto, só falava na Ritalurde... o que ela fêiz, o que ela dixe, o que ela pensa, o que ela num fêiz... dava pra ficá retado de raivoso cum tanto elogio prela. Mas coração de mulé ninguém intende... ela cumeço a gostar de Jeorjidolêncio. E dexô meu amigo Elderôncio mais triste que cachorro que cai de mudança, mas acabrunhado que noive menstruada na noite de nupcia, mais isquisito que frêra grávida. A tristeza foi bateno forte no coração de Elderôncio, ele foi si deprimindo e decidiu por fim nesta tristeza, ía se matar. Numa noite bem iscura resorve íi pro açude se afoga... aí quano chegô na bêra dágua e colocô o primêro pé na água, deu um berro: - Valha meu Deus que água fria - e cumeçô a entrá na água quano parô e saiu correndo da água: - Valjameudeus minhanossasenhora... posso mergula na água não, terminei de tomá café quente.