sexta-feira, 30 de maio de 2008

A indústria da pesca

Praia, sol, areia e um passeio descomprometido me pregaram uma peça. Eu caminhava pela praia, quando vi um certo senhor, 25 anos, deitado numa rede amarrada nos tronco de dois coqueiros: - Bom dia, meu amigo. - Hum... bom dia, doutor! - São oito e meia da manhã de uma quarta-feira e você aí, deitado, numa rede!!? - Pois é, né... a sombra é boa, o vento do mar... - Você trabalh com o quê? - Sou pescador. - E fica aí, deitado, numa hora dessas? - Pois é, né doutor... eu saio pro mar às cinco horas, volto às oito, vendo minha pesca, pago o aluguel do barco eas compras na bodega, aí venho deitar... - E quanto você apura numa pescaria dessas? - Bem, hoje eu vendi meus peies por cem reais... depois que paguei o frete, a bodega e comprei as coisas de casa, ainda sobrou trinta reais... - Veja só... você apurou cem reais em três horas de trabalho... se você voltar pro mar, vai apurar duzentos reais por dia... se trabalhar de segunda à sexta, dá mil reais por semana, mais ou menos quatro mil por mês... se você ecnomizar a metade, em dez meses você tem vinte mil e compra seu barco... vai lucrar mais porque não precisa pagar o frete, com mais dez meses outro barco, e assim em quatro anos você terá cinco barcos e pode fretar todos eles, sem nem precisar ir pro mar vai ganhar um bom dinheiro e aí pode comprar casas e alugar... - É... mesmo... mas pra quê tanto trabalho? - Pra investir no futuro... - Pra quê se vivo no presente? - Pra quando chegar na velhice, aposentar e descansar... - Mas eu sou novo e já tô descansando... meu amigo, doutor, a gente precisa de bem pouca coisa pra viver bem, quanto mais coisas você procurar pra você, menos paz tera e curtirá menos a própria vida Virou-se pro lado, e dormiu... e eu segui pensando que tenho que levar a ganância que tenho menos a sério.