terça-feira, 2 de setembro de 2008

Safira fala de finanças

Contam que Sócrates gostava de passear diariamente pela feira de Atenas, que era enorme, supermovimentada e hipervariada, contudo,não comprava nada. Homem rico e conhecido todos queria que ele viesse às suas bancas, mas nunca comprava nada. Até que certo dia um comerciante lhe indagou porque todos os dias ele passeava na feira e nunca comprava nada. Sócrates respondeu: "Eu gosto de ver quantas coisas eu não preciso para viver bem".
Vivemos numa sociedade extremamente consumista e competitiva, meu carro tem que ser melhor que o seu, minha roupa mais bonita, meu perfume mais cheiroso ou mais agradável, meu vinho mais caro, meu emprego com mais vantagens ou melhor salário... mais, mais, mais, melhor, melhor, melhor... sempre e contantemente numa competição olímpica (falo como as competições olímpicas gregas, que muitas vezes só acabava com a morte dos concorrentes).
Contudo, algo que tem me chamado a atenção é que esta competição toda não é contra os outros, mas contra si mesmos - para lapidar meu ego, tenho que estar mais bela ou ser mais forte ou mais inteligente, possuir mais bens ou mais caros, usar grifes mais famosas - que nem sempre são de qualidade superior, para que eu me sinta melhor tenho que consumir...
Para quê ter uma Ferrari que parte do repouso a 100 km/h em 4 segundos, e puxa 300km/h em 15 segundos, se não posso dirigir a mais de 80? Para quê ter um computador portátil com 5 GB de RAM, 250 GB no HD, com todos os superrecursos da tecnologia moderna, se só utilizarei 4 GB ? Para quê tantos pares de sapatos, outros tantos de tênis e outras tantas sandálias, se só possuo dois pés? Pra quê 2 ou 3 automóveis na garagem se só utilizarei um?
Essa febre de consumismo faz com que as coisas tenham seus preços majorados e muitas pessoas não tenham acesso à sua propriedade ou uso...
Não precisamos de tanto para viver, precisamos, sim, de afeto, de pessoas, de amigos, de risos e sorrisos, de confiança e confiabilidade, coisas que cada vez temos menos porque cada vez o ostracismo nos ensimesma, e nos aleja do convívio social saudável.
É bom repensar o que realmente é importante para vivermos bem.