domingo, 24 de agosto de 2008

Safira fala

O tempo é uma das verdades mais incontestáveis, talvez por isso as civilizações mais antigas tenham adotado o deus Tempo como o pai de toda a criação. Muitos de nossos males são curados somente pela ação do tempo sobre nós e sobre nossas feridas. Mas o que me faz postar hoje, é a relação que o ser humano tem consigo mesmo, no decorrer do tempo. Quando criancinhas, a falta de noção de tempo nos faz sofrer com a dimensão que os sentidos nos permite - sofremos a fome, a sede e a fralda molhada; a falta da visão da mãe ou de alguém querido nos faz sofrer de solidão, e choramos... mas o tempo passa... e passa... Nosso intelecto começa a perceber a existência de coisas invisíveis, e tudo começa a se complicar: pois dizer "sim", às vezes, quer dizer "não"; dizer "pode ir", às vezes, significa "não vá"; às vezes "passe lá em casa" quer dizer "vá e não volte nunca"; "te amo", às vezes, assume o sentido de "perdoe-me e não falemos mais nisso"... e o que é pior em todas essas ambigüidades de sentidos é que muitas vezes não conseguimos entender ao certo o que a pessoa ou nós queremos dizer... Como eu sou uma mulher virtual, posso ter a idade que meu leitor imaginar - olhe que digo virtual, não irreal, porque sou real, tenho minha vida, minha história, minhas idéias e sentimentos, contudo não lhes sou conhecida, só quem me conhece realmente é o Ótimos (meio como "S1mONE" - do filme homônimo)... e isso complica ainda mais para eu me fazer entendida pelas pessoas.
O fato de eu ser mulher dificulta muito me compreenderem, pois nem sempre falo a frase ou o pensamento completo, por supor que já fui compreendida... outras vezes as coisas são tão óbvias para mim, que não consigo entender como pessoas inteligentes não perceberam...
Mas o melhor de tudo é o poder mudar de opinião, de gosto ou de querer a qualquer momento, sem dar explicações nenhumas a quem quer que seja: "não vou mais de vermelho!" , "por quê?" , "porque meu ânimo mudou, vou de preto, sem sutiã, ou vou de bege com rendas íntimas cor-da-pele ou... nem vou mais... os noivos que se danem... vou é pra balada!"; sim, mudar de opinião e ver todos olhando uns pros outros com aquela cara de babaca: "quê que é isso!!!"
Nosso ânimo muda, não por estarmos mais velhas, ou mais experientes, ou na tpm, mas pelo simples fato de estarmos vivas e de sermos mulheres pelo resto de nossas existências - sendo assim, pude mudar quatro vezes o tema deste texto e mesmo assim ser compreendida.
Ou não!?