segunda-feira, 7 de julho de 2008

A ausência de Talício

Eu só quiria dizê procês que me lê dinveiz inquando, que eu tô mei distante de falá de eu, pro-mó-de-quê cunheci uma minina que singraçô cum eu...
Ela tava numa carçada, coitadin-a, lá na insquina da praça... numa insquina que dá pruma ruazinha instreita e inscura - que e num sei purque chama de rua augusta do sertão...
Olhei pré-la, fiquei cum pena, e ela surriu pra mim... eu dei a mão pré-la, que se levantô e saímo cunversano... nisso vi cumo ela éra sufrida, sô, inté as rôpa dela era tão piquena que inté pensei que ô era de uma irmã menó que ela pudesse tê (mas num tin-a), ou ela já tin-a essa rôpa a tanto tempo que já quase num inscndia mais nada.
Im casa, ela tomô bain-o, se vistiu e comeu... puxa-vida, como ela comeu! Eu nunca vi um-a pessôa cumê tanto daquele jeito... asdispôs foi durmíi.
De madrugada ela vei inté min-a camarin-a pedino pra durmi mais eu... ela falô que já tin-a 20 anos... eu pensei: essa mini na qué côôôsa!!
Fiquei cum ela duassemana, fui pai, amigo, irmão, amante, home pra ela - mesmo cumin-a idade (inté lembrêi do véi Lua "pra cavalo vei o que serve é capim novo")... e ela sumiu...
Levô uns três mil real, um som, uma coca-cola e uns biscoito... na instrada que leva pru arraiá, ela foi trupelada, quano cherava uns pó branco que ela comprô cum meu som.

Safira fala de opções sexuais

Pediram-me para comentar um pouco sobre o homossexualismo... a princípio relutei, uma vez tratar-se de assunto muito polêmico e rico em estereótipos, preconceitos e estigmas.
Antes de mais nada, quero lembrar a todos, que independente de sua opção ou condição sexual, somos seres humanos, membros da raça que detém a hegemonia no planeta Terra - não existem diversas raças na humanidade, mas etnias, a raça é a humana, então nos exemplemos nos animais que agem instintivamente, que não se agridem só por agredir - leões não são inimigos de zebras, nem elefantes inimigos de leões, existe uma cadeia alimentar e uns são predadores, outros alimento, mas não se agridem "de graça" - ou se agridem para comer, ou para não serem comidos.
Outra ressalva, é comum falarem que os gregos eram homossexuais. Vamos contextualizar, a cultura grega, em especial a Ateniense, era muito ligada à cultura e ao culto ao belo. O desejo por sexo, e até sua necessidade, é instinto natural. Como eles buscavam o belo, se um corpo era belo e seduzia um dos cidadãos gregos, independente de ser masculino ou feminino, passava a ser seu objeto de desejo, e muitas vezes de consumação. A mulher, em algumas cidades-estado, era entendida como a reprodutora - isso não impedia que homens amassem suas mulheres, mas também amavam seus homens.
Com o adveno do critianismo e do islamismo, religiões que propagam as "verdades bíblicas" antigotestamentárias, o homossexualismo e a poligamia passaram a ser malditos na sociedade ocidental.
Muitos cientistas defendem a tese de que a "tendência ao homosexualismo" já nasce com a pessoa; outros defendem a idéia que a educação de uma criança sem uma figura austera do macho-humano (se for menino) ou fêmea-humana (se for menina) pode levar ao homossexualismo, mas se perdem ao defender que também um pai excessivaente austero, também pode levar a isso; há quem digaque é ação do demônio sobre as pessoas; e há outros que defendem que o homossexualismo é uma opção sexual do indivíduo.
Pensando que a primeira opção é a verdadeira, cientistas procuram partes no cérbro que definam isso, ou algum gene ou alelo, que leve ao homossexualismo, e tratam isso como uma doença - ser homossexual seria ser doente, então precisam achar a cura!
Pensando que a educação e a relação familiar conduz a pessoa ao homossexualismo, é colocar sobre terceiros a responsabilidade que as pessoas devem assumir por seus atos.
Defender o homossexuaismo com demonismo é muito perigoso, pois exigiria muitos exorcistas para livrar estas castas de demônios da sociedade... é um pensamento muito ridículo e sem base nem científica, nem religiosa... é atribuir aos espíritos a responsabilidade pelos atos humanos, normalmente os que fazem isso sempre atribuem a deus ou ao diabo as coisas que lhes acontecem - se isso fosse verdade, questiono uma doutrina básica do judaísmo, do islamismo e do cristianismo: onde está o livre arbítrio, se é deus ou o diabo quem decide por nós?
Entender que tudo depende da opção que cada um faz para si, assim como hoje decido casar-me com Pedro, amanhã me divorcio dele e caso-me com Augusto, e se eu quiser namorar a irmã de Augusto? É uma opção que faço... como também não namorar ninguém, também pode ser uma opção.
Amados e amadas, a condição humana não deve ser julgada pelas opções tão íntimas que fazem - se queremos realmente assumir a postura de juízes e julgadores que o façamos levando em consideração a postura da ética social que adotam, do olhar aos demais seres humanos como membros de uma mesma raça e com as mesmas necessidades, e não pelas aparências e opções.
Lembremos da passagem bíblica em que Pedro sonhou que descia dos céus um grande lençol pendurado pelas quatro pontas, e dentro do lençol vinha todos os tipos de animais que a cultura e a religião judáica considerava imundos, e o Senhor disse a Pedro: "Pedro, pega e come". Pedro, cheio de religosismo (não de religião, que ao pé da letra significa religação do homem a Deus), disse: "Como eu poderei comer estes animais que são imundos?"
E Deus lhe respondeu:
"Não considere imundo o que Deus fez"