sábado, 12 de janeiro de 2008

O casamento de Talício




Ômi, cê num sabe comu foi meu casamento, apois vô lhi contá:
Eu tava fazendo umas faxina nas beira da estrada que liga as cidades de Cacimbinha e Poço Redondo, lá pra banda da lagoa do mandacaru... É que eu tinha quebrado o queixo do filho do prefeito de Cacimbinhas numa briguinha de bar.
Disseram que eu bati muito nele, mas eu só alembro de um sopapozinho de nada, mas o quêxo dele ficô quebrado num monte de pedaço. Aí, pra eu num íi pra cadeia, meu pai sugeriu pro prefeito mandá eu garimpá ao redor da estrada.
O prefeito achô a idéia boa e mandô eu e mais três meliantes fazê o serviço.
Apois, eu ía falano do meu casório.
Eu tava já no tercêro dia de capina quando o suor derramava pelas blusa... o sol tava derreteno a rapadura que eu trazia no borso da carça... aí vi ela... linda como a santa virge... pura como a água da mina... doce como beijo de mãe...
Mas num lhe dirigi a palavra naquela maniã, não... no intervalo pro armoço vortei pra casa, trouxe uma roupa limpa e perfume...
E dá-lhe trabái... muita capina, muito galho de sabiá nas pista, o suó escorreno no rosto, nas costa, nos peito... quano cheguei bem ne frente da casa dela, atravessei a rodage, já com a camisa mar limpa e com um pôco de perfume, muito não q parece côsa de cafona... aí pedi pro sinhô que tava lá fora pra me dar um pôco dágua preu continuá o trabái.
- Inha, traz água pro moço que tá roçano as pista!
Inha, que nome bonito...
- Veroguisberta, vai dar água pro moço que tá roçando a estrada, filha, que tô ocupada...
Veroguisberta, que nome mais formoso... Ela veio linda, com um riso no rosto... eu tinha vinte e quatro anos de idade, ela tinha dezessete... ela me olhô e sorriu... eu abaixei a vista... as bata de suas perna dava preu vê... branquinha, chêinha, parecia ser maciinha... fiquei vermêi de vergô-i-a...
De noitinha fui lá na casa de novo, agora montado no melhor cavalo que tinha no sítio de meu pai. A égua Xoquinha, branca, linda como o luar, apêei r bati palma.
O pai dela saiu:
- Sim, o quê o sin-ô qué?!
- Vim pedi a maõ de sua fí-a Veroguisberta em casamento...
Adepois de uma hora de prosa com o véi, três cafezin, duas fatia de bolo de mí e macaxêra, e um pôquin-o de cuzcuz... o véi chamô a Inha e a Veroguisberta
- Esse hômi tá pedino a mão de nossa fí-a em casamento, que você diz Inha? e você Veroguisberta?
Elas aceitaro, casei naquele finá de semana e vivi com minha muié por 35 belos e felizes anos.
Até o dia em que ela resolveu passear no jardim de Deus.

4 comentários:

Anônimo disse...

Rui, que coisa mais linda, sô!

Entre ótimo e bom... Excelente!


abs do nil

Débora disse...

Olá,Rui
Adorei o conto..aliás adoro esse sotaque de "mineirim"..rs

Ah..obrigada pelos conselhos em realação ao meu último post...
sabe,não estou preocupada com nºde comentários..só queria criar uma proposta nova...mas não deu certo e parti para outra..espero que meus 3 leitores gostem .
Quanto ao Phernando e a Ju,eu não lhes devo desculpas..Eles sim..me devem!mas,quero distãncia deles..vc não sabe da missa a metade.e tb ,pra mim,o episódio acabou!

Grande beijo
Espero encontrá-lo sim no MSN...vou adicioná-lo!

Marcos Pontes disse...

A simplicidade cabocla...

Débora disse...

Mais uma coisa:corrigi o link que saiu errado no meu post.coloquei Marcos,quando deveria colocar Rui...já corrigi!
bjs