sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Alunos curiosos


Adoro conversar com estudantes do ensino fundamental, em especial as crianças da 4ª à 7ª séries. São crianças conscientes de seu dever de construir um mundo melhor para eles próprios e para as gerações futuros, são crédulos no ser humano, e seu senso ético e prático são muito elevados e, via de regra, amam, amam intensamente o belo, o ser humano, a justiça e veem que as coisas são bem mais simples do que os adultos consegue ver.
- Professor, por que nos EUA existem tantos casos de alunos metralhando os colegas?
- E por que existem tantos crimes sexuais lá?
- E por que a gente sempre vê nos filmes as pessoas corretas, mas nos noticiários parecem ser tão maus e injustos?
Uma boa parte das pessoas do mundo vê os estadunindenses como um povo arrogante, prepotente, que se sente xerife do mundo e donos da verdade.
Em minha humilde análise, os vejo como um povo perdido entre teorias e práticas. Via de regra, o povo dos EEUU é um povo religioso, com elevadíssimo moralismo. Este moralismo exagerado faz com que condenem atitudes mais comuns, como se fossem grandes porralouquices, com um puritanismo quase religioso e visceral. Contudo, em suas práticas sociais, aodtam e estimulam usos de coisas muito questionáveis.
Por se sentirem acima do mundo, primeiro porque todo aquele que se sente santo vê aos demais como réles pecadores, e segundo porque adquiriram um estatus de superpotência às custas de muito sangue inocente, se sua gente e de gentes de outras nações. Este estatus os enche de orgulho, e faz com que menosprezem os demais países, inclusive aos europeus e asiáticos.
Por dominarem os meios de comunicação e entretenimento em massa, conseguem com relativa facilidade passar ao planeta sua visão de melhor vida, do sonho americano e das doutrinas filosóficas e políticas que adotam, dentre as mais perigosas o egoísmo, egocentrismo e a egolatria, cujos limites não existem quando os objetivos estão em voga.
Aí surge o conflito ideológico, pois se por um lado discursam a favvor da liberdade, privam certos grupos do legítimo direito à vida, por exemplo: quando admite que a Klu Klux Klan existam , sob a égide da liberdade de expressão, impedem que grupos de negros, judeus e homossexuais se estabeleçam...
Quando exageram no moralismo e no puritanismo, jovens crescem cheios de "neuras" porque seus desejos (muitos deles normais entre adolescentes do mundo inteiro) são contrários ao que as religiões extremistas e fundamentalistas ensinam como correto. Estes jovens crescem traumatizados, Deus sabe lá por qual lei inflingida!, cobrados e como têm liberdade para se armarem e para manifestarem publicamente seus ódios e problemas mentais e relacionais, acontece o que presenciamos constantemente nos noticiários.
É um problema cultural, que a megalomania deixa como herança para os que se pensam super-homens e super-mulheres, mas que são meros mortais como todos os demais humanos, porém não aceitam tal humaneidade.
Há algo de muito estranho na cultura norte-americana no que diz respeito à formação do caráter e da personalidade de muitos dos seus jovens.

2 comentários:

Suzi disse...

Sim, há algo de muito estranho naquela cultura...

Mas devo confessar que teu texto me transportou para um tempo em que eu exercia a função mais amada da minha vida: "Professora".
Sabe, às vezes, subestimamos a capacidade de nossas crianças.

É maravilhoso trabalhar com elas. Lembro de uma turma de 1ª série na Escola Adventista onde eu dava aula; discutíamos criacionismo e evolucionismo, controle da natalidade, e questões deste nível. Naturalmente, respeitadas as características próprias das crianças de 6 / 7 anos. E era fantástico o que resultava disso tudo.

Saudades desse tempo...

Ordisi Raluz disse...

Interessante saber que as hitórias se repetem por esse Brasil afora. Quem diria que há tantos ombros amigos?

Abrs.