Ela tem um namorado alguns anos mais novo que ela, formado, com salário decente (como ela também), excelente de cama, que não se envergonha dela, que viajarão pelo Brasil afora num pique-nique de longa duração. Mas ela também gosta de uma paixão antiga, que há anos não via e que reacendeu todo o ardor quando se viram.
Acho que Leontina ama aos dois. E assim respondi sua indagação:
"Agora você entende quando eu digo que se pode amar duas pessoas ao mesmo tempo? Pode, podemos amar tantos quantos caibam em nossos corações, porque como as pessoas são diferentes, as expectativas que nos fornecem e os prazeres que nos dão, também são diferentes. Posso amar a morenice de um homem, seu cheiro e ardor, e posso amar a pele fria de um outro, seu cheiro de côco. Posso amar a pele branca e os cabelos loiros, ... posso amar a voz forte e o jeito falante, e amar o jeito calado e escutador de outro... posso amar a voz rouca e a voz macia de outro e ainda a voz melodiosa e gentil de um terceiro... quem criou as regras pro coração foi a sociedade, não eu, ou você! Nós criamos as regras para nossos quereres e amares...
Não se aflija pela indecisão: quem disse que temos que ter só um, se nós mesmos somos milhares?"
Não se aflija pela indecisão: quem disse que temos que ter só um, se nós mesmos somos milhares?"
Acredito que assim como podemos gostar de churrasco e de peixada, de vatapá e de croiassant, de sorvete e de cachaça e de vinho e champagne, podemos gostar de Flávio, Alberto, André, Benedito, José, Antônio, Adamastor, Gregory, Scott... porque cada um tem seus defeitos e virtudes, seus sabores, seus doces, seus amargores, suas vantagens e desvantagens.
Uma coisa não exclui a outra necessariamente! Se gosto de rock não posso gostar de forró?, se gosto de Chico não posso curtir Roberto?, se gosto de vestir branco, não posso gostar de vestir preto?
Uma coisa não exclui a outra necessariamente! Se gosto de rock não posso gostar de forró?, se gosto de Chico não posso curtir Roberto?, se gosto de vestir branco, não posso gostar de vestir preto?
As coisas não são necessariamente excludentes entre si, mas parece que somos reféns de regras sociais que diariamente legitimamos por nossa inércia pensante.
Ao nascermos grande parte das regras sociais já estão vigorando, então as assumimos como sendo verdades inquestionáveis, e não percebemos que a maioria delas foram criadas em determinados momentos históricos, em determinados locais, histórica e geograficamente bem definidas, contudo assimilados nos tempos futuros e outros locais, como sendo irrefutavelmente corretas.
Muitos que me lêem podem discordar de mim, mas não estou muito preocupada com isso, porque sei que é assim que penso, como sei também que muitos concordarão, uns explícitamente, outros mais comedidos esconderão sua concordante posição em relação a estas idéias, embora concordem comigo ou se questionem profundamente até onde estou correta.
Eu gosto de açaí com bolacha cream-cracker, tomo sorvete no uísque, vou pro forró depois de assistir a um recital no Municipal do Rio, ao chegar da balada ligo um Beethoven bem alto, vou pra praia de biquini.
Sou livre de atos e quereres... e se um dia minha liberdade for limitada por grilhões, minha mente me libertará...
Não curto regras que me colocam, por isso amo quem quero amar hoje, amanhã você pode ser página virada, mas hoje, neste agora, és o amor de minha vida, e daí!!
Somos mamíferos, não esqueçamos... na maior parte das vezes agimos como mamíferos domados pela sociedade que criamos e que nos cria, criamos regras sociais que nos regram socialmente...
Feliz era Luz del Fuego, que em sua ilha era presidente e legisladora, pena que numa época mais preconceituosa que hoje.
Amamos não porque nos amam, mas porque nos sentimos bem amando, então se um amor não te faz bem, questione até onde isso é amor.
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