quarta-feira, 16 de abril de 2008

Safira recorda


Tem dias que a gente pára, olha o tempo e procuramos relembrar tudo o que vivemos... vem aquela nostalgia gostosa lembrando as brincadeiras nos manguezais, os pés-de-laranja-da-terra, os limoeiros e seus espinhos... tempo que não existia sexo, meninos e meninas brincavam no chão de areia... pião, pipa, bola de gude, furão... esconde-esconde, pega-pega, corda, amarelinha... tempo de bolo quente (-Não come bolo quente, menina, que dá dor de barriga!), nunca senti dor de barriga ao comer bolo quente, mas tambpem passei essa ladainha pros meus filhos e agora pros netos, mas entendi as mães do mundo todo: cortar a primeira fatia do bolo sempre tem algo de solene, a gente quer valorizar o bolo ou o pudim feito.

E os sons, ah, os sons - aprendi que todo ser humano é sonoro e ritmico - alguns são mais sensíveis que outros para perceber isso e assim têm uma afinidade maior com a musicalidade do mundo - sim, os sons... cantigas de roda, vozes infantis e depois adolescentes, os segredos nunca revelados (tem uns que guardo comigo até hoje e outros que esqueci de guardar com o tempo, mas os guardo porque os esqueci mesmo)... meu pai tocando a velha viola de doze cordas, os repentes dos goianos contra os nordestinos - diversão nos arraiais e quermesses... sinos, músicas cantadas e instrumentais, a velha bandinha que ainda toca daquele mesmo jeito... e as músicas que o velho rádio à válvula me trazia, depois o radinho à pilha, hoje cds e televisões trazem as músicas...

Os cheiros também têm forte marca no meu repertório de lembranças, cheiro de infantilidade, cheiro de brincadeira, cheiro de comida, da cica das frutas - as goiabas, as graviolas, as cajas, os maracujás, as laranjas, os limões, as melancias... por que serpá que as frutas de hoje não têem o mesmo odor das frutas de minha infância? Meu primeiro perfume, cheiro de roupa nova, cheiro do primeiro beijo roubado por mim atrás da sacristia - como Marcolino ficou vermelho!

Nada de tristeza nas lembranças, problemas já os temos diariamente, pra quê recordar amarguras? Faço questão de guardar, gravado na pedra de minha memória, os bons momentos e as virtudes das pessoas que passaram pela minha vida, perdoem-me, passaram não, porque se deles recordo é porque suas presenças ainda são sentidas e ainda refletem em mim suas vidas e as nossas experiências.

Hoje é quarta-feira, já liguei pros meus orientandos re-marcando nossas reuniões, vou ao Sítio Alegre, onde mora meu tio Almanuel, beber água da cachoeira com minhas lembranças poeris.

2 comentários:

anderson.head disse...

Muito legal essa dica o Rui, mas gostaria de saber porque isso não vai a televisão de forma maciça como os relatórios de que a dengue aumenta cada vez mais, que os postos continuam sem médicos??

Sobre lembranças, sou um cara engraçado... vivo o momento, difilmente lembro algo da minha infãncia ou passado recente... a Flávia ta sempre falando: "ah,isso lembra minha infância!" acho legal, guardar momentos... mas não sei porque sou assim... passou, passou...

até.

Vênus disse...

oi,querido
Coisa boa ,hein!Também tenho esse tipo de saudades!
Morrendo de inveja de vc lá no Sítio Alegre..aproveite bem..

Ah,vi um recadinho no MSN...estava ausente e perdi a oportunidade de conversar com vc..que pena!
Grande beijo