sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Talício e os ciúmes



Ciúme é coisa mardita. Aquele sentimentozin-o que mexe com a gente, e vai deixano o coração bateno forte, umas pertubação na mente. Pur isso eu intendo a min-a mulé.
Uma dessas fofoquêra, que sene prazê im fazê o mal, e em falá da vidalhêa achô de dizer pra min-a Veroguisberta que eu tava teno um caso com uma minina de Poço Redondo...
Aí, a Veroguisberta ficô na mutuca, mi observano, seguino meus passo... até que um dia teve um tár de ecripso.
Todo muno só falava nesse negóço da lua sumí. Era um negóço de dizê que uma sombra da terra ia caí sobre a lua, sei lá ispricá isso não.
Mas o que quero falá é do que aconteceu no dia seguinte ao tá ecripse. Eu tava lá em casa arrumano a cerca pras cabra num invadi a horta, quando min-a Veroguisberta chegô, mais zangada que jumento com dô no saco, gritano mais que porco na hora do abate, xingano mais que bicha quano vê seu bofe teno uma recaída pra ex-mulé.
Fui uma confusão dusinférno, zangada porque tin-a prova que eu ta traino ela.
- Seu filho duma égua, você levo a rapariga pro açude ontem mesmo.
- !
- E eu tein-o a prova!
- Prova de quê, mulé?
- De que você ta me traino, seu bandido!
- Apois, me mostre essa prova...
- Vêin-a cumigo...
Aí saímo em direção ao açude, ela memostrano as min-a pisada no chão de areia, saino do curral dos porco... fumo... fumo... fumo... até que chegamo no pé de tamarino. Lá a gente via as pisada de uma muié se juntá as minha.
Saimo seguino até o açude, lá a gente viu um mexido medonho de terra.
- Tá veno! Tá veno! aqui vocês se juntaram na esculhambação, seu safado
E me deu uns murro no ombro, quase chorando... mas eu um guentei não. cumecei a rí.
Quanto mais eu ria, mais ela ficava zangada...
- Seu... seu bosta... por que você feiz isso, na nossa fazena, seu bandido... eu vô te capá...
- Mulé, tem siso, mulé... te alui!
- Realmente essa pisada é min-a e de uma mulé que sincontrô comigo onte e fizemo safadage na bêra do nosso açude...
- Más mulé, era tu, que onte nós vimo vê o ecripse, e começô a choviscar e num perdemo a noite lembra?...
Ela ficô invergoniada e a esculhambação daquela noite foi muuuuiiiiito mái gostosa que a da noite do ecripse.

4 comentários:

Marcos Pontes disse...

O livro sai ou não sai?

Letícia Losekann Coelho disse...

T� morrendo de rir! rsrsrssrsrs, muito engra�ado esse desfecho! Adorei o regionalismo!
Vai ter livro? Oba!!!
Beijos bom findi proc�

Rui Carlo disse...

O livro sai, pessoal, não serão estes contos da Net, porque eu os crio na net mesmo, mas tenho uma coletânea que possui um elemento comum, como um colar de contas. Mas vem aí

Débora disse...

Oi,querido
Muito engraçado....nossa a coisa deve ter sido muito boa ou muito ruim par a Veroguisberta esquecer assim..rs
Livro?Não sabia...tb quero!rs
Grande beijo